quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Spinnin' around

É até engraçada a maneira como certas coisas acontecem na vida.
Nos últimos 40 dias, recuperei na minha vida pessoas de três lugares completamente diferentes, que foram e voltaram de formas absurdamente distintas... Mas uma importante característica todas elas têm em comum: eu achei que nunca mais as veria novamente.
De certa forma já estou acostumada com esse vai-e-vem de pessoas na minha vida, mas só agora parei pra pensar no que tem acontecido comigo nos últimos anos... Veja só, desde pequena a cada dois ou três anos (ou muito menos)  eu acabo sendo "arrancada" do lugar onde estiver, mudo de cidade constantemente desde que consigo me lembrar. Nem me preocupo mais em fazer amizades ou me adaptar, porque sei que logo logo o ciclo vai se repetir. Essa mudança constante já me fez sofrer muito, mas só agora, com a cabeça mais tranquila apesar dessa nova agitação no meu mundo, me peguei a questionar: se tudo na vida acontece por uma razão, onde está a explicação pra tanta reviravolta?
Sim, tenho uma teoria e é das boas. Nos últimos dois anos, andei não mudando, mas voltando em cidades. Aquelas onde eu passei a infância ou pré-adolescência vêm surgindo novamente na minha vida, depois de anos em ausência... Esses anos me permitiram ganhar uma maturidade que eu não tinha antes, então vejo tudo de forma diferente, encaro tudo de outra forma, vejo as pessoas com outros olhos. E quem me garante, então, que essa retrospectiva que vem acontecendo, somada a todas as mudanças anteriores, não está servindo para me mostrar que, após tanta confusão na minha vida, meu lugar é justamente aquele de onde eu vim?
Sim, pois cá estou eu, 16 anos depois, 6 desde que fui embora pela última vez, 3 desde a última visita. Retorno às minhas origens e me descubro muito mais à vontade do que achei que estaria depois de tanto tempo longe de casa... Reencontro sensações que pensei estarem extintas há tempos, pessoas que, como dito anteriormente, pensei terem ido embora da minha vida para sempre.
Então sim, acredito que tudo na vida tenha uma razão. E acredito que tudo que eu enfrentei nessa vida inteira de mudanças e tentativas frustradas de adaptação tenha servido para que, quando eu me fixasse em um lugar, pudesse ter certeza de que aquele seria o MEU lugar, e não apenas onde eu deveria esperar o tempo passar...
Porque apesar de que as coisas ainda estejam se ajeitando, pela primeira vez em muitos anos posso dizer que me sinto em casa.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre o que eu nem sei quem sou

A gente que é impulsivo sente uma certa dificuldade em tomar decisões com um prazo muito longo, em esperar que o tempo passe para só então tomar alguma atitude. Quem tem essa sede do imediato é quase incapaz de esperar o momento em que as coisas devem acontecer, querem tudo na hora em que decidem, talvez por medo de mudar de ideia. A falha desse jeito de ser é que muitas vezes é confundido com egoísmo; quem 'tá ao redor entende que a pessoa quer tudo do jeito dela e na hora que ela quiser. Mas não funciona assim. Gente como eu e muitos outros por aí, apenas sofrem de uma severa insegurança, um medo que acaba fazendo com que tenham uma necessidade extrema de fazer tudo na hora, antes que a decisão volte a ser dúvida. A sociedade chama esse tipo de gente de "impulsivos". Eu chamo de gente medrosa. Aham, 'tô me chamando de medrosa sim. Pra quê esconder o medo, se ele tá ali tão presente e tão real? Vai ter medo de mostrar o medo também? Não sei desde quando isso é motivo de vergonha, sério. Tenho medo sim, medo de tanta coisa! Veem minha história e dizem que sou forte, mas não sabem a fragilidade que eu tenho por trás dessa fachada. Tenho medo de amar, medo de ficar sozinha, medo de decisões definitivas e medo do incerto. Pode ser um defeito pra você, mas eu aprendi a pensar assim: se eu tenho tanto medo de fazer escolhas, é porque não gosto de quando elas se tornam fixas. Gosto do imutável, aprendi a entender apenas que minha mente exagera na vontade de ser versátil, poder ser "essa metamorfose ambulante", porque até Raul entendia que gente como a gente não sabe ter opinião formada sobre tudo. E quem finge que sabe, vai morrer na ignorância. Afinal, quem pode ter certeza da vida quando a própria vida é incerta?

Raul Seixas - Metamorfose ambulante