- Para você ser do nosso grupo, você tem que ter um desses.
Foi depois de ouvir esse diálogo que eu resolvi escrever um pouco sobre uma cidade consumista, onde você é o que você tem e depende da opinião dos outros para sobreviver. Não tem tal coisa de tal loja? Você não é nada. Um grupinho espalhou por aí que você pega geral? Você não é nada. Agora imaginem minha situação. Do interior do Espírito Santo ao interior da Bahia, e agora aqui. Fui acostumada a primeiro divulgar minha imagem anterior antes de ser julgada. Cheguei aqui, fui muito bem recebida inicialmente. Tênis de marca? Nunca tive. Roupa de marca? Uma ou duas peças, e olhe lá. Os olhares começavam a aparecer, mas eu nunca liguei de verdade. Fiz o que eu chamava de bons amigos, em quem eu confiei e contei muitos dos meus segredos. Até aí estava às mil e uma maravilhas, até hoje. Fui bombardeada com a seguinte notícia: não acreditavam no que eu os contara, interpretavam minha amizade com homens como "dar em cima", e minha amizade com uma das populares como se eu a estivesse usando para chegar lá também; minha explicação de certos fatos como contar os problemas pra qualquer um, e meu jeito como querer chamar atenção. Agora eu pergunto à cada um de vocês: realmente é possível que alguém mude hábitos de treze anos em duas semanas? Que alguém se adapte tão fácil à uma nova escola e nova vida, onde a escola é dividida em panelinhas e você tem que escolher a sua, e ralar pra entrar? Por mim não ligaria não, mas só tenho um recado a dar: eu considerei vocês meus melhores amigos. Confiei em vocês. E vocês não foram capazes de acreditar em mim.